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DESTEMIDOS PIONEIROS
34 anos de criação do estado de Rondônia

Data da notícia: 2015-12-23 10:32:40
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(Da Redação) Os 34 anos de criação do estado de Rondônia, comemorados ontem (22) são apenas uma faceta da recente ocupação desta parte da Amazônia Ocidental Brasileira. ?O tempo todo vivemos fases migratórias desde a colonização portuguesa, dos primeiros núcleos de povoamento até o início da construção das hidrelétricas do rio Madeira na primeira década dos anos 2000?, explica o professor de História da Universidade Federal de Rondônia, Marco Antônio Teixeira.

O Exército Brasileiro inseriu-se na história regional desde os tempos em que os 237,5 mil quilômetros quadrados da Rondônia de hoje faziam parte do estado de Mato Grosso. Pelotões e destacamentos de fronteira em Porto Velho, Guajará-Mirim e Forte Príncipe da Beira guarneciam a região na década de 1930, no auge do ciclo da borracha.

De acordo com o professor Teixeira, a visão crítica de Aluízio Ferreira assegurou a continuidade do povoamento. ?A presença militar se tornou permanente, inteligente e decisiva?, opinou.
Para melhor compreensão das distintas fases, ele menciona o período colonial, quando o governador da Província de Matto Grosso [grafia da época], Antonio Rolim de Moura fracassou na tentativa de trazer açorianos, madeirenses e cabo-verdianos.

A região conhecida por Inferno da América, a mais insalubre da Terra, impediu essa primeira grande corrente migratória. Mesmo assim, buscava-se o estímulo ao assentamento de pessoas ?com penas administrativas e penas de morte?.

?Significa dizer que a região mato-grossense [até Santo Antônio do Rio Madeira] e amazonense [a partir dali] foi um presídio a céu aberto?, assinala o professor. Essa ideia de ocupação prevaleceu na sobrevida do Forte Príncipe da Beira durante o período imperial.

As portas à migração, por rodovia, foram abertas pelo primeiro governador, coronel Aluízio Ferreira. Por iniciativa dele, abriram-se os primeiros 20 quilômetros de estrada no sentido capital-Ariquemes, então, apenas um posto telegráfico na floresta. ?Ele aproveitou bem o trabalho do marechal Cândido Rondon, de quem era amigo?, observou o professor.

A instalação do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) em Porto Velho, em 1966, possibilitou a manutenção e a trafegabilidade da BR-364, cujo asfalto só fora inaugurado em meados dos anos 1980.

Foi o 5º BEC que desativou a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, estabelecendo a ligação rodoviária entre Porto Velho e Guajará-Mirim.

Escravidão e Despovoamento
Bons resultados da mineração do ouro no século 18 e a presença militar completaram-se com o uso abundante da mão de obra escrava de origem africana.

?Diferentemente do restante da Amazônia, aqui no Guaporé a mão de obra indígena teve utilização restrita, porque em áreas de fronteira a rebeldia possibilitaria uma aliança entre índios e espanhóis, o que já havia ocorrido durante as missões jesuíticas do rio Itonamas[afluente do rio Guaporé]?, analisa Teixeira. Na região se deu a maior vitória portuguesa na batalha da ocupação.

No século 19, os brancos abandonaram a região, nela permanecendo apenas os negros. Temendo o maculo, governadores de Mato Grosso evitavam Vila Bela da Santíssima Trindade e a região do Guaporé. Um deles, João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, morrera vítima dessa doença, conjugada com a malária.

?Por causa das doenças, a primeira aula de medicina do País se deu em Vila Bela. Um médico francês refugiado em Pedras Negras atendia as vítimas permanentemente?, conta o professor.
A monção fluvial do porto de Belém (PA) a Vila Bela levava dois anos, de ida e volta. Nos trechos encachoeirados, os homens descarregavam e recalafetavam batelões, passando por picadas. Teotônio, Jirau e Caldeirão do Inferno eram os piores trechos desse percurso.

O governo imperial tentou, sem êxito, outros núcleos de povoamento, que só dariam certo na segunda metade do século 19. O Vale do Madeira se tornava propriedade de grandes seringalistas bolivianos, e eles usavam a força indígena das regiões do Beni e Pando [Amazônia Boliviana].

Ayacucho e Petrópolis
?O Tratado de Ayacucho restringia o fluxo, mas em 1870 a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré deu início a novo surto migratório, conforme narra o historiador americano Neville Craig no livro EFMM ? História trágica de uma expedição?.

E aí vieram os nordestinos para esta parte da Amazônia Ocidental, entre 1870 e 1880. Segundo estudos do Barão de Marajó, nessa década estimavam-se em aproximadamente cinco mil os moradores da região do Madeira, que já dispunha de serviço regular de navegação. ?O rio é o grande condutor da migração?, comenta Teixeira. Com informações deMontezuma Cruz ? Assessoria.

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